quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

CPT :"Famílias não sairão pacificamente de terras requeridas por Usina"

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20/01/2011 05:41

CPT :"Famílias não sairão pacificamente de terras requeridas por Usina"

por Emanuelle Oliveira
Assessoria CPT
CPT :"Famílias não sairão pacificamente de terras requeridas por Usina"
A disputa por terras entre assentados e fazendeiros tem gerado conflitos em Alagoas, devido a pedidos de reintegração de posse, a exemplo do que aconteceu no município de Messias, no acampamento Flor do Bosque, de onde 18 famílias, que moravam há mais de três anos no local foram retiradas. Novos despejos devem acontecer em Murici, na fazenda Bota Velha nesta quinta-feira (20).
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) estima que 123 famílias, que estavam instaladas em assentamentos, não têm onde morar. Além da desapropriação, houve destruição de 63 hectares de alimentos nos acampamentos Pachamama (40 famílias); Baixa Funda (26 famílias); Flor do Bosque 2 (18 famílias); e Gitirana (39 famílias), localizados em Messias.
Os despejos estariam ocorrendo sob forte resistência dos assentados e ainda, com a utilização de violência por parte da polícia, visto que as reintegrações estão acontecendo de forma rápida. Na Fazenda Bota Velha 100 famílias estão assentadas há nove anos, produzindo alimentos e construindo vida em comunidade, com escola e energia elétrica.
Caso a reintegração ocorra, o número de famílias despejadas chegará a 223 e serão 95 hectares de alimentos destruídos. O coordenador da CPT, Carlos Lima sinaliza que a possível desocupação pode resultar em embates violentos, afirmando que nesta quarta-feira se reuniu com o secretário de agricultura, Jorge Dantas com o superintendente do Incra, Estevão de Oliveira e o desembargador Tutmés Airan para contornar a situação.
“Queremos evitar a violência, mas as famílias não vão sair pacificamente e abandonar a área onde existe toda uma infra-estrutura, conquistada durante esses nove anos e mque estão assentadas. Existe uma decisão judicial e a reintegração está mantida, mas vamos dialogar para tentar resolver a situação. O Estado só cumpre a determinação e não se importa com o que acontecerá com essas pessoas”, ressaltou.
Já a engenheira agrônoma da CPT, Heloísa Amaral afirmou que desde o início do ano houve uma ofensiva grande para a retirada dos assentados do Estado. “O momento é complicado por causa dos despejos que já aconteceram e dos que estão planejados. Para realizar uma ocupação, as famílias são informadas sobre terras abandonadas e levam em consideração duas modalidades: Quando o Incra adquire a terra, através de Decreto 433 ou quando desapropria”, destacou.
Heloísa explicou que há dez anos a CPT presta uma assessoria a famílias assentadas, que aprendem a cuidar da terra, cultivando alimentos para sobreviverem. Ela lembrou que integrantes do Movimento Trabalho, Terra e Liberdade (MTL) estão acampados na Praça dos Martírios, no Centro, reivindicando a construção de um conjunto habitacional para 570 famílias e vistorias nas terras da usina Utinga Leão, em Rio Largo.
“Em 2006, quatro anos após a ocupação da Fazenda Bota Velha, o local foi arrendado para Usina Santa Clotilde, mas só agora pediram a saída das famílias, que construíam casas de alvenaria, escola e casa de farinha no local. A coordenação da CPT está tentando entrar em um acordo para que a desocupação não ocorra, apesar da ação judicial ”,ressaltou.

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